sábado, 18 de dezembro de 2010

Ministra de Direitos Humanos apoia adoção por casal gay

A futura ministra dos Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), disse que irá defender no Ministério a adoção de crianças por parte de casais homossexuais. Segundo o jornal Folha de S.Paulo deste sábado, a ministra defende que a criação de um filho independe da orientação sexual dos pais. A opinião de Maria do Rosário, pedagoga e um dos primeiros nomes a serem anunciados para o novo governo, pode esbarrar na ala evangélica do congresso, de acordo com a publicação.

A deputada federal quer uma política rígida contra a homofobia, classificando as recentes agressões a gays como assuntos de grande urgência para serem resolvidos, e afirmou que criará medidas contra estes crimes de forma imediata, assim que assumir o novo cargo. A pressa de Maria do Rosário é tanta que ela afirma que as leis que criminalizam a homofobia devem ser aprovadas sem nem passar pelo Congresso. Outro ponto controverso defendido pela nova ministra dos Direitos Humanos é a concessão de aposentadoria e benefícios previdenciários a prostitutas.



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Brasil: sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos


Grupo Tortura Nunca Mais-RJ

Rio de Janeiro, São Paulo e Washington DC, 14 de dezembro de 2010 - A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), em uma sentença histórica notificada hoje, determinou a responsabilidade internacional do Brasil pelo desaparecimento forçado de, pelo menos, 70 camponeses e militantes da Guerrilha do Araguaia entre os anos de 1972 a 1974, durante a ditadura militar brasileira. Conforme compromisso assumido internacionalmente, é obrigatório e vinculante o pleno cumprimento desta sentença pelo país.

Esta é a primeira sentença contra o Brasil por crimes cometidos durante a ditadura militar, que permite discutir a herança autoritária do regime ditatorial e contribui para o estabelecimento de uma cultura do "Nunca Mais" no país.

O Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM-RJ) e a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos de São Paulo (CFMDP-SP) atuam, desde 1995, em representação das vítimas e de seus familiares na denúncia internacional perante o sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.

Ao longo do processo comprovaram cabalmente a responsabilidade internacional do Brasil pelo desaparecimento forçado das vítimas, pela total impunidade em relação a estes crimes e pela ausência de procedimentos eficazes para o estabelecimento da verdade no país. Assim, solicitaram diversas medidas de reparação, que abrangiam desde o conceito de reparação integral às vítimas e seus familiares, até medidas mais amplas, especialmente no que tange ao direito à verdade e à justiça, em relação à sociedade brasileira como um todo. Os fatos, as violações e as reparações mais destacadas que estabelece a sentença são as seguintes:

A Corte Interamericana determinou que as vítimas do presente caso foram desaparecidas por agentes do Estado. A sentença estabelece que o Brasil violou o direito à justiça, no que e refere à obrigação internacional de investigar, processar e sancionar os responsáveis pelos desaparecimentos forçados em virtude da interpretação prevalecente da Lei de Anistia brasileira, a qual permitiu a total impunidade deste crimes por mais de 30 anos.

A Corte determinou que esta interpretação da Lei de Anistia, reafirmada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal, contraria o Direito Internacional. Nas palavras da Corte: "As (aquelas) disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso (Araguaia)".

Assim, a Corte requereu que o Estado remova todos os obstáculos práticos e jurídicos para a investigação dos crimes, esclarecimento da verdade e responsabilização dos envolvidos. Também, o Tribunal reafirmou o alcance geral de sua decisão exigindo que as disposições da Lei de Anistia, que impedem as investigações penais, não possa representar um obstáculo a respeito de outros casos de graves violações de direitos humanos.

Quanto à ausência de informação oficial a Corte avançou substancialmente os parâmetros exigidos para proteção do direito de acesso à informação, incluindo o princípio da máxima divulgação e a necessidade de justificar qualquer negativa de prestar informação. A Corte também afirmou que é essencial que o Brasil adote as medidas necessárias para adequar sua legislação sobre acesso à informação em conformidade com o estabelecido na Convenção Americana.

Finalmente, no que se refere à negativa do Estado, por mais de três décadas, de garantir o direito à verdade aos familiares dos desaparecidos, a Corte Interamericana determinou que, em virtude do sofrimento causado aos mesmos, o Estado brasileiro é responsável por sua tortura psicológica e, entre outras coisas, determinou como medidas de reparação: a obrigação de investigar os fatos; a obrigação de realizar um ato publico de reconhecimento de sua responsabilidade; o desenvolvimento de iniciativas de busca e a continuidade na localização dos restos mortais dos desaparecidos; a sistematização e; a publicação de toda a informação sobre a Guerrilha do Araguaia e as violações de direitos humanos ocorridas durante o regime militar no Brasil.

Portanto, a sentença da Corte IDH no caso Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) é paradigmática porque permitirá a reconstrução da memória histórica para as gerações futuras, o conhecimento da verdade e, principalmente, a construção, no âmbito da justiça, de novos parâmetros e práticas democráticas.

Segundo Vitória Grabois, familiar e vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/ RJ: "A falta de informação por mais de 30 anos causou aos familiares dos guerrilheiros do Araguaia angústia, sofrimento e desconfiança nas instituições brasileiras. A sentença da Corte renova nossa esperança na justiça."

Nas palavras de Beatriz Affonso, diretora do programa do CEJIL para o Brasil: "Esperamos que a administração de Dilma Roussef demonstre que os governos democráticos não podem fechar os olhos aos crimes do passado e que se empenhe em saldar a dívida histórica do país. Já o Poder Judiciário, que é parte do Estado brasileiro, deve cumprir a decisão promovendo a investigação dos crimes cometidos durante a ditadura. Todos os cidadãos brasileiros devem ter certeza de que hoje, na democracia, a lei está ao alcance de todos, inclusive os agentes públicos e privados, civis e militares envolvidos em nome da repressão em crimes contra os cidadãos."

Segundo Criméia Schmidt de Almeida, familiar e Presidente da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos de São Paulo: " Essa sentença pode significar um passo importante na verdadeira redemocratização do país, eliminando os entraves ditatoriais que ainda persistem nas práticas dos agentes públicos. Como familiar espero que possa significar um ponto final a tantas incertezas que há quase 40 anos marcam com angústia a nossa vida"

Neste sentido Viviana Krsticevic, diretora executiva do CEJIL disse: "América Latina tem avançado significativamente na resolução dos crimes contra a humanidade cometidos por governos ditatoriais. O Brasil, no entanto, ainda está em dívida com os familiares e a sociedade no estabelecimento da verdade e da justiça relacionadas a este tema. Esta sentença representa uma oportunidade única para que o Brasil demonstre que é capaz de liderar tanto no âmbito internacional como nacional os temas relacionados aos direitos humanos e democracia. Para isto, o Brasil deve deixar sem efei tos os aspectos da lei de anistia que impedem a justiça frente a crimes contra a humanidade."

A sentença está disponível no website da Corte Interamericana:


Para mais informações:
Centro pela Justiça e o Direito Internacional:
Beatriz Affonso +55 21 2533 1660 ou 7843-7285
Viviana Krsticevic +1 202 319 3000 ou celular: 1-202-651-0706
Millie Legrain +1 202 319 3000
Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro: +55 21 2286 8762 ou 21 8103-5657
Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos de São Paulo: +55 11 3101-5549



_*_

Postagem relacionada:

ATIVIDADE DE VIVÊNCIA - INSTITUTO HELENA GRECO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA


Corte Interamericana de Direitos Humanos

http://www.corteidh.or.cr/composicion.cfm


sábado, 11 de dezembro de 2010

Conselho Nacional de Combate à Discriminação

 
Sáb, 11 Dez, 10h37
 
Após a série de ataques a homossexuais na Avenida Paulista, o governo federal reformou ontem o Conselho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD). Criado em 2001, o órgão ligado diretamente à Secretaria Especial de Direitos Humanos passará a ter a missão de formular políticas para o governo federal que ajudem no combate à discriminação de homossexuais.
O conselho terá 30 integrantes - 15 do próprio governo e outros 15 representantes da sociedade civil - indicados por entidades sem fins lucrativos, incluindo organizações de defesa dos homossexuais, entidades científicas que desenvolvam estudos sobre essa população, entidades de classe e sindicatos que atuem nessa área. Os conselheiros deverão ser indicados em até 90 dias. O CNCD foi uma das sugestões da 1.ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, realizada neste ano em Brasília. O CNCD também receberá denúncias. 


Vigilância

Em São Paulo, a Polícia Militar informou ontem que vai ampliar ainda mais o policiamento na área da Paulista. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo mostrou na segunda-feira, a região central da capital, que inclui a área da Avenida Paulista, é a que mais concentra ataques homofóbicos, segundo estudo inédito das 316 denúncias recebidas pelo Centro de Combate à Homofobia da Coordenadoria de Diversidade Sexual (Cads) entre julho de 2006 e dezembro do ano passado. Nas 50 situações de violência física relatadas, 20% são em casa, 2% no trabalho e 78% no espaço público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

DIREITOS HUMANOS - EVENTOS EM BELO HORIZONTE

 

5 SEMANA DOS DIREITOS HUMANOS - IGUAIS NA DIFERENÇA





PROGRAMAÇÃO

 

 

FILMES 

 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul

 Cine Humberto Mauro

136 lugares
Av. Afonso Pena, 1537
Centro | 30130-004
(31) 3236-7400

 




PROGRAMAÇÃO EM BELO HORIZONTE

De 13 a 19 de dezembro

ENTRADA FRANCA


13/12 - SEGUNDA-FEIRA

21h – Sessão de Abertura
VIDAS DESLOCADAS - João Marcelo Gomes (Brasil, 13 min, 2009, doc)
PERDÃO, MISTER FIEL - Jorge Oliveira (Brasil, 95 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 14 anos


14/12 - TERÇA-FEIRA


15h
KAMCHATKA - Marcelo Piñeyro (Argentina/ Espanha/ Itália, 103 min, 2002, fic)
Classificação indicativa: livre

17h
A VERDADE SOTERRADA - Miguel Vassy (Uruguai/ Brasil, 56 min, 2009, doc)
ROSITA NÃO SE DESLOCA - Alessandro Acito, Leonardo Valderrama (Colômbia/ Itália, 52 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

19h
A BATALHA DO CHILE II – O GOLPE DE ESTADO - Patricio Guzmán (Chile/ Cuba/ Venezuela/ França, 90 min, 1975, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

21h
ABUTRES - Pablo Trapero (Argentina/ Chile/ França/ Coréia do Sul, 107 min, 2010, fic)
Classificação indicativa: 16 anos


15/12 – QUARTA-FEIRA


15h – Audiodescrição
AVÓS - Michael Wahrmann (Brasil, 12 min, 2009, fic)
ALOHA - Paula Luana Maia, Nildo Ferreira (Brasil, 15 min, 2010, doc)
CARRETO - Marília Hughes, Claudio Marques (Brasil, 12 min, 2009, fic)
EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO - Daniel Ribeiro (Brasil, 17 min, 2010, fic)
* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual.
Classificação indicativa: 12 anos

17h
HÉRCULES 56 - Silvio Da-Rin (Brasil, 94 min, 2006, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

19h
DIAS DE GREVE – Adirley Queirós (Brasil, 24 min, 2009, doc)
PARAÍSO - Héctor Gálvez (Peru/ Alemanha/ Espanha, 91 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 12 anos

21h
CARNAVAL DOS DEUSES - Tata Amaral (Brasil, 9 min, 2010, fic)
MEU COMPANHEIRO - Juan Darío Almagro (Argentina, 25 min, 2010, doc)
LEITE E FERRO - Claudia Priscilla (Brasil, 72 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 16 anos


16/12 – QUINTA-FEIRA


15h – Audiodescrição
PRA FRENTE BRASIL - Roberto Farias (Brasil, 105 min, 1982, fic)
* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual.
Classificação indicativa: 14 anos

17h
A CASA DOS MORTOS - Debora Diniz (Brasil, 24 min, 2009, doc)
CLAUDIA - Marcel Gonnet Wainmayer (Argentina, 76 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 14 anos

19h
ALOHA - Paula Luana Maia / Nildo Ferreira (Brasil, 15 min, 2010, doc)
AVÓS - Michael Wahrmann (Brasil, 12 min, 2009, fic)
CINEMA DE GUERRILHA - Evaldo Mocarzel (Brasil, 72 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

21h
GROELÂNDIA - Rafael Figueiredo (Brasil, 17 min, 2009, fic)
MUNDO ALAS - León Gieco, Fernando Molnar, Sebastián Schindel (Argentina, 89 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos


17/12 – SEXTA-FEIRA


15h
ENSAIO DE CINEMA - Allan Ribeiro (Brasil, 15 min, 2009, fic)
108 - Renate Costa (Paraguai/ Espanha, 91 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

17h
VLADO, 30 ANOS DEPOIS - João Batista de Andrade (Brasil, 85 min, 2005, doc)
Classificação indicativa: 14 anos

19h
A HISTÓRIA OFICIAL - Luis Puenzo (Argentina, 114 min, 1985, fic)
Classificação indicativa: 12 anos

21h
XXY - Lúcia Puenzo (Argentina/ França/ Espanha, 86 min, 2006, fic)
Classificação indicativa: 16 anos

18/12 – SÁBADO


14h
MÃOS DE OUTUBRO - Vitor Souza Lima (Brasil, 20 min, 2009, doc)
JURUNA, O ESPÍRITO DA FLORESTA - Armando Lacerda (Brasil, 86 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

16h
HALO - Martín Klein (Uruguai, 4 min, 2009, fic)
ANDRÉS NÃO QUER DORMIR A SESTA - Daniel Bustamante (Argentina, 108 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 12 anos

18h
MARIBEL - Yerko Ravlic (Chile, 18 min, 2009, fic)
O QUARTO DE LEO - Enrique Buchichio (Uruguai/ Argentina, 95 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 14 anos

20h
O FILHO DA NOIVA - Juan José Campanella (Argentina/ Espanha, 124 min, 2001, fic)
Classificação indicativa: livre


19/12 – DOMINGO


14h
DOIS MUNDOS – Thereza Jessouroun (Brasil, 15 min, 2009, doc)
AMÉRICA TEM ALMA - Carlos Azpurua (Bolívia/ Venezuela, 70 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

16h
CARRETO - Marília Hughes, Claudio Marques (Brasil, 12 min, 2009, fic)
BAILÃO - Marcelo Caetano (Brasil, 17 min, 2009, doc)
DEFENSA 1464 - David Rubio (Equador/ Argentina, 68 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

18h
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS - Cao Hamburger (Brasil, 110 min, 2006, fic)
Classificação indicativa: 10 anos

20h
EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO - Daniel Ribeiro (Brasil, 17 min, 2010, fic)
IMAGEM FINAL - Andrés Habegger (Argentina, 94 min, 2008, doc)
Classificação indicativa: 12 anos


* O formato de exibição dos filmes é DVCAM.


sábado, 4 de dezembro de 2010

Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil Intolerância e respeito às diferenças sexuais Resultados - Módulo I - Survey Nacional



Dentre os resultados, veja os gráficos abaixo. Para visualizar todos os gráficos, visite o link da pesquisa.












METODOLOGIA

Módulo I - Survey Nacional

Universo: população brasileira urbana adulta (16 anos e mais).
 
Amostragem: probabilística nos primeiros estágios (sorteio dos municípios, dos setores censitários e domicílios), combinada com controle de cotas de sexo e idade (Censo 2000, estimativa 2005, IBGE) para a seleção dos indivíduos (estágio final). A amostra total foi composta por 2.014 entrevistas, dividida em duas sub-amostras espelhadas, de 1.012 (A) e 1.002 (B) entrevistas. 

Dispersão geográfica: 150 municípios (pequenos, médios e grandes), distribuídos nas cinco macro-regiões do país (Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste). 

Entrevistas: face-a-face, domiciliares, com aplicação de questionários estruturados, somando 92 perguntas (cerca de 250 variáveis). Para evitar tempo médio de entrevista superior a uma hora de duração, parte das perguntas foram distribuídas em duas versões de questionário (A e B), mantendo-se 40 perguntas em comum a ambas. As duas versões foram aplicadas conforme distribuição das respectivas sub-amostras (A e B).

Margens de erro:
até ± 2 pontos percentuais nas perguntas aplicadas ao total da amostra e de até ± 3 p.p. nas perguntas aplicadas apenas nas amostras A ou B, com intervalo de confiança de 95%.
Data do campo: 07 a 22 de junho de 2008.
Iniciativa: Fundação Perseu Abramo (FPA), em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo Stiftung (RLS)..

Responsabilidade técnica:
Gustavo Venturi (professor de Sociologia da FFLCH-USP) e Núcleo de Opinião Pública da FPA, sob a coordenação de Marisol Recamán. Analista, Vilma Bokany; processamento de dados, Rita Dias.
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Módulo II - Lésbicas e Gays


Universo:
pessoas homo e bissexuais adultas (18 anos e mais), residentes nas 9 maiores regiões metropolitanas do Brasil.

Amostragem: intencional, do tipo “bola de neve”, obtida por meio de indicações (‘sementes’) colhidas em amostra de survey nacional com a população de 16 anos e mais (150 municípios de 25 UFs), multiplicadas a partir de indicação de novas pessoas e de pontos de frequencia de homossexuais. Amostra estratificada por controle de cotas de sexo biológico para composição equilibrada entre gays e lésbicas, totalizando 413 entrevistas.

Dispersão geográfica:
18 municípios das seguintes regiões metropolitanas: grandes São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.

Entrevistas: indicadas e agendadas, realizadas face-a-face, com aplicação de questionários estruturados, somando 71 perguntas (cerca de 200 variáveis). Parte das perguntas foram comuns à amostra do survey nacional, de modo a manter a comparabilidade dos resultados.
Data do campo: 05 a 23 de janeiro de 2009.

Iniciativa: Fundação Perseu Abramo (FPA), em paeceria com a Rosa Luxemburgo Stiftung (RLS).

Responsabilidade técnica: Gustavo Venturi (professor de Sociologia da FFLCH-USP) e Núcleo de Opinião Pública da FPA, sob a coordenação de Marisol Recamán. Analista, Vilma Bokany; processamento de dados, Rita Dias.

Publicado em 08/02/2009. Atualizado (dados do Módulo II) em 03/05/2009

 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DRAG QUEEN




Demora toda uma vida para nos tornarmos o melhor que podemos ser
Nós não temos tempo ou direito de julgar uns aos outros
Trata-se de UMA VIDA e não há volta
Uma vida!
Então, tenha certeza de que você gosta do que há no armário.





MULHER PODE SER DRAG?


Penélope, 30, charmosa, drag e mulher... Ela foi a grande vencedora do concurso da primeira Oficina de Montagem promovida na 10ª Feira Cultural LGBT, no Vale do Anhangabau, em São Paulo. "A maioria não sabe que eu sou menina... Na verdade, eu sou diferente também... Há uns sete anos comecei a frequentar boates GLS e estou nesse caminho". 

Christine Jorgensen



Primeira transexual a assumir publicamente uma cirurgia de mudança de sexo. Antes de Christine, outras pessoas já haviam feito a cirurgia, mas nenhuma teve tanta visibilidade como no seu caso.

Sua atitude marcou profundamente uma época pois trouxe à tona a discussão sobre o assunto. Isso foi importante porque retirou a transexualidade do campo do sensacionalismo, humanizando a discussão sobre a sexualidade e a diversidade sexual. Bom, pelo menos nos Estados Unidos e, pelo menos, naquela época.

Para saber mais sobre essa corajosa mulher, postamos aqui uma entrevista feita na década de 60:

Christine Jorgensen on Joe Pyne 1966 or 1967




Veja também o texto (em inglês):

Ou outro link (agora, em português):

Filme sobre a vida de Christine Jorgensen:


Há também um livro publicado sobre ela, mas eu achei somente em inglês:

Capa atual:

sábado, 27 de novembro de 2010

Deputado pode ser punido por fala com teor homofóbico

Sex, 26 Nov, 08h05


O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ)* pode ser expulso da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (CDH). A alternativa é uma entre outras que serão examinadas na reunião de quarta-feira, em que os membros da CDH vão analisar a "receita" do deputado para mudar a opção sexual de menores. Em entrevista à TV Câmara, ele sugeriu aos pais dar "um couro" no filho para mudar eventual inclinação homossexual.

Presidente da comissão, a deputada Iriny Lopes (PT-SC) afirma que tal declaração agride duas vezes os direitos humanos, por pregar a violência contra crianças e por estimular reações homofóbicas. "É um absurdo escolher para a CDH pessoas que passam longe do espírito da comissão", diz. Ela lembra que falta pouco mais de um mês para terminar o ano legislativo, mas que ainda assim é necessário alguma providência para mostrar as divergências com relação à posição de Bolsonaro.

Iriny critica os partidos que indicam para as comissões representantes sem afinidade com o trabalho ali desenvolvido. "Eles vão para fazer o contraponto ao direito dos índios, crianças e outros, é um contrassenso que temos de impedir", defende.

Membro da CDH, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) critica o PP por ter indicado Bolsonaro para a comissão. Ele prevê que se mantiver a mesma posição no ano que vem, a legenda passará a ser conhecida como "o partido da homofobia". "Uma pessoa tão contrária aos direitos humanos não pode pertencer à comissão", afirma. "É muita sandice, os movimentos de direitos civis deveriam fazer uma campanha nacional para combater esse tipo de postura", defende.

Bolsonaro ironiza a reação dos colegas. "Estou me lixando para eles, eu sou um dos poucos (integrantes) heterossexuais, então sou minoria, eles têm de respeitar as minorias", disse, debochando das reações.
 
 
 
*  Para conhecer o Deputado Jair Bolsonaro, acesse o site:









quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fórum Mineiro de Educação, Gênero e Diversidade Sexual


Segundo Daniel Arruda, coordenador do Projeto Educação sem Homofobia, " a criação do Fórum justifica-se pela constatação (por diversas pesquisas realizadas pelos Núcleos Universitários de Pesquisa em Diversidade Sexual existente em algumas Universidades do País, pela Fundação Perseu Abramo, pela FIPE e pelo INEP) de que a nossa sociedade e nossos espaços de educação formal e não formal são extremamente homofóbicos e heteronormativos, levando à exclusão de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. O Fórum, portanto, terá como finalidades acompanhar, propor, subsidiar tecnicamente, avaliar, exercer controle social e discutir a implementação de políticas públicas e ações de combate à homofobia e ao sexismo nos espaços de educação formal e não formal."

 
História da criação do Fórum



A idéia surgiu durante o curso de formação de multiplicadores do Projeto Escola sem Homofobia, realizado pela ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) em São Paulo, entre os dias 25 e 28 de Agosto de 2010. Na ocasião, a equipe mineira foi composta por representantes da Secretaria Estadual de Educação se Minas Gerais, Militantes da ALEM (Associação Lésbica de Minas) e do GUDDS! (Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual), Coordenadores do Projeto Educação sem Homofobia do Nuh/UFMG e representantes das prefeituras parceiras do Projeto Educação sem Homofobia (Belo Horizonte, Contagem, Betim e Juiz de Fora).

Foi identificada, durante o encontro de formação, a necessidade de uma ação mais articulada para a implementação de políticas públicas para o combate ao sexismo e à homofobia na educação. E isso só seria possível com os esforços combinados de Movimento Social, Academia e Poder Público. Daí vem a ideia de criação do Fórum que está sendo posto em prática.


PARA SABER MAIS, VISITE SEMPRE O SITE DO PROJETO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA:

http://www.fafich.ufmg.br/educacaosemhomofobia/index1.php

SEMINÁRIOS DE ENCERRAMENTO DO CURSO EDUCAÇÃO SEM HOMOFOBIA

Galera: chega ao fim o curso Educação sem Homofobia, edição 2010.

Para se manterem informados sobre as últimas notícias, visitem o site do Projeto.

http://www.fafich.ufmg.br/educacaosemhomofobia/

domingo, 17 de outubro de 2010

Carta aberta da ABGLT as candidaturas de Dilma Roussef e José Serra


Prezada Dilma e Prezado Serra,


A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, é uma entidade que congrega 237 organizações da sociedade civil em todos Estados do Brasil. Tem como missão a promoção da cidadania e defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, contribuindo para a construção de uma democracia sem quaisquer formas de discriminação, afirmando a livre orientação sexual e identidades de gênero.

Assim sendo, nos dirigimos a ambas as candidaturas à Presidência da República para pedir respeito: respeito à democracia, respeito à cidadania de todos e de todas, respeito à diversidade sexual, respeito à pluralidade cultural e religiosa.

Respeito aos direitos humanos e, principalmente, respeito à laicidade do Estado, à separação entre religião e esfera pública, e à garantia da divisão dos Poderes, de tal modo que o Executivo não interfira no Legislativo ou Judiciário, e vice-versa, conforme estabelece o artigo 2º da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”

Nos últimos dias, temos assistido, perplexos, à instrumentalização de sentimentos religiosos e concepções moralistas na disputa eleitoral.

Não é aceitável que o preconceito, o machismo e a homofobia sejam estimulados por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial.

O Estado brasileiro é laico. O avanço da democracia brasileira é que tem nos permitido pautar, nos últimos anos, os direitos civis dos homossexuais e combater a homofobia. Também tem nos permitido realizar a promoção da autonomia das mulheres e combater o machismo, entre os demais avanços alcançados. O progresso não pode parar.

Por isso, causa extrema preocupação constatar a tentativa de utilização da fé de milhões de brasileiros e brasileiras para influir no resultado das eleições presidenciais que vivenciamos. Nos últimos dias, ficou clara a inescrupulosa disposição de determinados grupos conservadores da sociedade a disseminar o ódio na política em nome de supostos valores religiosos. Não podemos aceitar esta tentativa de utilização do medo como orientador de nossos processos políticos. Não podemos aceitar que nosso processo eleitoral seja confundido com uma escolha de posicionamentos religiosos de candidatos e eleitores. Não podemos aceitar que estimulem o ódio entre nosso povo.

O que o movimento LGBT e o movimento de mulheres defendem é apenas e tão somente o respeito à democracia, aos direitos civis, à autonomia individual. Queremos ter o direito à igualdade proclamada pela Constituição Federal, queremos ter nossos direitos civis, queremos o reconhecimento dos nossos direitos humanos. Nossa pauta passa, portanto, entre outras questões, pelo imediato reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e pela criminalização da discriminação e da violência homofóbica. 

Cara Dilma e Caro Serra:

Por favor, voltem a conduzir o debate para o campo das ideias e do confronto programático, sem ataques pessoais, sem alimentar intrigas e boatos.

Nós da ABGLT sabemos que o núcleo das diferenças entre vocês (e entre PT e PSDB) não está na defesa dos direitos da população LGBT ou na visão de que o aborto é um problema de saúde pública.

Candidato Serra: o senhor, como ministro da saúde, implantou uma política progressista de combate à epidemia do HIV/Aids e normatizou o aborto legal no SUS. Aquele governo federal que o senhor integrou também elaborou os Programas Nacionais de Direitos Humanos I e II, que já contemplavam questões dos direitos humanos das pessoas LGBT. Como prefeito e governador, o senhor criou as Coordenadorias da Diversidade Sexual, esteve na Parada LGBT de São Paulo e apoiou diversas iniciativas em favor da população LGBT.

Candidata Dilma: a senhora ajudou a coordenar o governo que mais fez pela população LGBT, que criou o programa Brasil sem Homofobia, e o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, com diversas ações. A senhora assinou, junto com o presidente Lula, o decreto de Convocação da I Conferência LGBT do mundo. A senhora já disse, inúmeras vezes, que o aborto é uma questão de saúde pública e não uma questão de polícia.

Portanto, candidatos, não maculem suas biografias e trajetórias. Não neguem seu passado de luta contra o obscurantismo.

A ABGLT acredita na democracia, e num país onde caibam todos seus 190 milhões de habitantes e não apenas a parcela que quer impor suas ideias baseadas numa única visão de mundo. Vivemos num país da diversidade e da pluralidade.

É hora de retomar o debate de propostas para políticas de governo e de Estado, que possam contribuir para o avanço da nação brasileira, incluindo a segurança pública, a educação, a saúde, a cultura, o emprego, a distribuição de renda, a economia, o acesso a políticas públicas para todos e todas!

Eleições 2010, segundo turno, em 15 de outubro de 2010.

ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

*Grifos Todos&Todas.


 

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ATIVIDADE DE VIVÊNCIA: VISITA AO CENTRO DE REFERÊNCIA MUNICIPAL LGBT - BELO HORIZONTE


Visitamos no dia vinte e sete de setembro de 2010, às 11:30h, o Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania LGBT de Belo Horizonte, situado à Rua Espírito Santo, 505/11º andar – Centro. Fomos atendidas pela psicóloga Dalcira Ferrão e pela advogada Alessandra Campos.

Na entrevista pudemos traçar um pouco da história e do funcionamento do CRLGBT Municipal, o perfil dos usuários e os motivos que os levam a recorrer ao CRLGBT, bem como seus projetos para o futuro.

O Centro de Referência Municipal LGBT foi criado em 2008 e funcionou durante um ano aproximadamente. Depois deste período suas atividades foram encerradas, na espera da liberação da renovação do convênio. O equipamento foi reaberto em julho deste ano e agora funciona com recursos municipais. Segundo as entrevistadas, a atual gestão tem se mostrado aberta para a reativação e consolidação do CRLGBT enquanto uma política LGBT.

Uma das dificuldades apontadas foi a redução no quadro de funcionários depois da reabertura do Centro: há apenas três profissionais para atender toda a demanda do município de Belo Horizonte, uma psicóloga, uma advogada e o coordenador. Na gestão anterior a equipe era composta por psicólogo, advogado, assistente social e três estagiários. Segundo Dalcira e Alessandra, a equipe deveria ser maior para que houvesse uma intervenção social mais efetiva.

O perfil dos usuários do Centro de Referência varia conforme o caso atendido, mas a maioria das pessoas apresenta vulnerabilidade social, baixa renda, baixa escolaridade, estão desempregadas ou sub-empregadas no mercado informal. Até hoje foram atendidas cerca de 4 ou 5 pessoas inseridas no mercado formal de trabalho e apenas 3 casos tinham curso superior.

O Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania LGBT, vinculado à Coordenadoria Municipal de Direitos Humanos (CMDH), órgão da Secretaria Municipal Adjunta de Direitos de Cidadania (SMADC), tem como objetivo realizar a acolhimento e orientação psicossocial e jurídica à comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis) em caso de discriminação e violação dos direitos garantidos nas Leis Municipais 8.176/01 e 8.719/03 e, ainda, Lei Estadual 14.170/02. no entanto, não visa o atendimento psicoterápico ou o acompanhamento jurídico processual.

No caso do Direito, o usuário recebe as orientações acerca da demanda que precisa e é encaminhado para procurar um advogado particular ou através da Defensoria Pública, caso não haja condições financeiras por parte do mesmo para arcar com os custos advocatícios. Em relação à Psicologia, procurar-se realizar o acompanhamento para o fortalecimento da cidadania do usuário e atendimentos sobre orientação sexual e identidade de gênero, desmistificando assim tabus e preconceitos relacionados à afetividade e sexualidade, passo este fundamental para que a pessoa consiga ter o mínimo de condições para dar andamento num processo psicoterápico de fato na rede de proteção local parceira.

Os atendimentos são realizados sempre em conjunto pela psicóloga e a advogada do serviço, complementando assim as áreas de atuação como áreas afins. Os casos atendidos são discutidos pela equipe técnica, juntamente com o coordenador. Em alguns casos, há também discussão com a gerente e a coordenadora da Coordenadoria Municipal de Direitos Humanos.

Os casos atendidos são, em sua maioria, denúncias de atos discriminatórios. Outro número importante é o de ameaças, violência física (apedrejamento de travestis), negligência de atendimento por parte de funcionários públicos (PM se recusando a atender o chamado de usuários LGBT’s), e orientação jurídica sobre os mais diversos assuntos, em especial, sobre união civil e garantia de direitos.

Sobre a união civil, ficamos sabendo que os casais homossexuais já podem requerer, em alguns cartórios, a união civil e compartilhar, assim, seus bens, ter direito à pensão, ter o mesmo plano de saúde, etc.

Para o futuro, o CRLGBT tem como metas o aumento do quadro de funcionários; a produção de material próprio (cartilhas, folhetos, cartazes) para a divulgação do equipamento na rede de proteção e de serviços parceira (Município, Estado e entidades do Terceiro Setor); a formação de funcionários do município de Belo Horizonte no que diz respeito ao campo LGBT; e, consequentemente, o aumento do número de atendimentos realizados, mas sempre visando à qualidade deste atendimento.

Em nossa visita, recebemos os materiais:

- Brasil sem Homofobia: Programa de combate à violência e à discriminação contra GLBT e de promoção da cidadania homossexual (SEDH - Presidência da República);

- Cartilha: Viver em Paz é um Direito: Lei Maria da Penha (11.340/06);

- Cartilha: Viver em Paz é um Direito: Rede estadual de enfrentamento à violência contra a mulher em Minas Gerais;

- Pesquisa: 8ª Parada do Orgulho GLBT de Belô;

- Cartilha: Pela garantia dos direitos da população de Belo Horizonte e respeito às diferenças (Secretaria Municipal Adjunta de Direitos de Cidadania).

Foi uma hora muito agradável e pudemos aprender muitas coisas. Com certeza, retornaremos sempre que possível.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dois videos interessantes sobre a Homofobia



Parceria entre o Grupo Arco-Íris e a UFRJ. Em um mundo onde todo mundo é homossexual, um menino e uma menina se apaixonam. Nessa realidade trocada, estes dois héteros têm de enfrentar os preconceitos e discriminações que LGBTs enfrentam no nosso mundo real.








Uma parceria entre Grupo Arco-Íris e UFRJ. Novamente tem dois pólos opostos que se chocam. Uma escola. Dois casais. Um hétero, outro homo. Para cada um, a escola vai reservar um tratamento diferente. O cotidiano de dois jovens que misturam preconceitos. Para um, somente uma brincadeira; para outro, opressão diária.

sábado, 25 de setembro de 2010

ELEIÇÕES 2010 - MUZA: INFORME-SE, INSPIRE-SE!



O Muza em parceria com Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da Universidade Federal de Minas Gerais (Nuh/UFMG) realiza o programa “Eleições 2010”, que tem o apoio do projeto Educação Sem Homofobia, da Livraria Quixote e da Mira Audiovisual.
 
Trata-se de uma série de entrevistas com candidatos mineiros para as eleições deste ano, que tenham projetos voltados ao público LGBT ou, que tenham demonstrado compromisso com as questões políticas relacionadas à diversidade sexual.
 
O objetivo do “Eleições 2010” é, por meio das entrevistas, auxiliar os eleitores homossexuais e os simpatizantes da causa LGBT a conhecer melhor o perfil dos candidatos que, de alguma forma, se mostram comprometidos com a garantia dos direitos da população homossexual.
 
Marco Aurélio Máximo Prado, professor do programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMG e coordenador do Nuh, recebe os entrevistados na livraria Quixote, localizada no Campus Pampulha, e conversa sobre temas da cena política brasileira e da cidadania LGBT.
Ficou curios@? O programa “Eleições 2010” será exibido a partir desse sábado, 25 de setembro, no próprio Muza! Fique ligado e acesse o http://www.muza.com.br/
 
 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

TRAVESTIS E INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

Disponibilizamos algumas pesquisas que retratam a realidade das travestis brasileiras no que diz respeito à inclusão no mercado de trabalho.

Selecionamos algumas partes de textos e disponibilizamos a bibliografia antes da citação se alguém se interessar em ler os textos na íntegra (o que recomendamos). Os dados foram obtidos em pesquisas realizadas por entidades como o Ministério da Educação e universidades, dentre elas a USP, a UnB e a UFRGS.

A exclusão de travestis e transexuais do mercado formal de trabalho é um assunto tão importante que o Ministério do Trabalho organizou, no ano passado, o I Seminário de Políticas Públicas de Trabalho, Oportunidades e Previdência para Travestis e Transexuais, tendo como objetivo justamente problematizar a inclusão deste grupo.

Vale ressaltar que a intenção não é discriminar a prostituição nem as prostitutas, mas defender o direito à escolha profissional para travestis e transexuais a partir de políticas públicas que combatam a transfobia e garantam o acesso e a permanência na escola.

Para as pessoas que escolhem a Educação como campo de atuação, é importante pensar na relação entre a transfobia, a evasão escolar e a inclusão no mercado de trabalho. Vale comentar que as palavras “travesti” e “transexual” sequer aparecem nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), nem na parte intitulada Orientação Sexual, nos Temas Transversais.
Ao final, incluímos o endereço de documentários produzidos pelo Núcleo de Direitos Humanos LGBT da UFMG sobre as Travestis e Transexuais de Belo Horizonte e Juiz de Fora.


REFERÊNCIA 01:



Peres, Wiliam Siqueira. Cenas de Exclusões Anunciadas: travestis, transexuais, transgêneros e a escola brasileira. IN: JUNQUEIRA, Rogério Diniz (org.). Diversidade Sexual na Educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2009. p. 246-247. (Coleção Educação para Todos, vol. 32)



(…)

É importante lembrar que quando uma travesti chega à escola, ela já viveu alguns transtornos na esfera familiar e comunitária, apresentando uma base emocional fragilizada que a impede de encontrar forças para enfrentar os processos de estigmatização e a discriminação que a própria escola, com seus alunos, professores, funcionários e dirigentes, exerce, dada a desinformação a respeito do convívio com a diferença e suas singularidades. A intensidade da discriminação e do desrespeito aos quais as travestis são expostas nas escolas em que desejam estudar leva, na maioria das vezes, a reações de agressividade e revolta, ocasionando o abandono dos estudos ou a expulsão da escola, o que conseqüentemente contribui para a marginalização, pois bem sabemos da importância dada aos estudos e à profissionalização em nossa sociedade.



Em minhas escutas e observações etnográficas tem sido freqüente ouvir histórias de travestis que reclamam por não terem conseguido estudar, não poderem fazer uma faculdade e exercerem uma profissão que lhes garanta a sobrevivência, sem terem que recorrer à prostituição. Em suas falas é freqüente ouvir reclamações por precisarem se prostituir por não conseguirem empregos ou oportunidades de renda, sobrando-lhes apenas a rua como possibilidade de ganhos financeiros. Porém, gostaria de clarificar que embora algumas travestis afirmem gostar de se prostituir, a maioria delas não se sente à vontade em ocupar esse lugar no mundo, reclamando da ausência de oportunidades de estudos e empregos, o que nos leva a desmistificar a crença segundo a qual travestis, transexuais e transgêneros seriam sinônimos de prostituição; outrossim, nos faz perceber que são empurradas para os espaços de batalha em conseqüência da violência estrutural (PERES, 2005b). Essas ocorrências da estigmatização e da discriminação, vividas por travestis, transexuais e transgêneros no ambiente escolar prejudicam a própria socialização dessas pessoas, que passam a ter um universo existencial bastante restrito. No gueto, elas ficam imersas em um contexto de opressão e marginalização que solicita a sua adequação a uma realidade bastante singular: o universo travesti, de uma complexidade de valores e significados próprios, marcados como expressão de vida infame (FOUCAULT, 2003).



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REFERÊNCIA 02:



MACDOWELL, Pedro de Lemos. Geografia do gênero: do (não) lugar de travestis e outros abjetos na cidade∗. Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu, MG. Brasil. 29 de setembro a 03 de outubro de 2008. Disponível em . Acesso em 13 de setembro de 2010. p. 6.

Trata-se da associação do dia à opressão por mecanismos tácitos de coerção social e a conseqüente restrição da vida social de pessoas transexuais e travestis ao período noturno, signo da prostituição (e, conseqüentemente, à rua como espaço de prostituição). É importante destacar que nem todas as travestis e mulheres transexuais se prostituem. Muitas exercem outras profissões e atividades. No entanto, é significativo o número de travestis (especialmente) que, não conseguindo outros tipos de empregos e atraídas não apenas pela possibilidade de bons rendimentos na “rua”, mas também pelas redes de sociabilidade que se formam entre travestis que se prostituem recorrem à prostituição como meio de sobrevivência. O caráter “ditatorial” da prostituição como imposição, aludido por Paula, é destacado pela associação generalizada feita pelo senso comum entre a condição de travesti e a prostituição. Some-se a isso que desde 2002 o próprio Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) traz em sua Classificação Brasileira de Ocupações as categorias “travesti” e “transexual” como sinônimas de “profissional do sexo”, profissão identificada pelo código 5198-05.

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REFERÊNCIA 03:



WOLFE, Barry Michael . Travestis Brasileiras. NUPRI – Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais – USP. Disponível em . Acesso em 13 de setembro de 2010.

Travestis Brasileiras

Barry Michael Wolfe

(...)

Prostituição

A discriminação efetivamente barra a maioria das travestis do sistema educacional e de carreiras de classe média.

O mercado formal de trabalho é basicamente fechado às travestis. Uma minoria bem pequena tem formação superior ou qualificações profissionais. Com poucas exceções, as únicas profissões abertas são enfermeiras, empregadas domésticas, cabeleireiras, entretenimento em boates gays e prostituição. Em muitos casos, cabelereiras, empregadas domésticas e artistas da noite fazem bico na prostituição.

As travestis muitas vezes são rejeitadas pelas famílias e expulsas de casa, e podem começar a trabalhar na prostituição com 12 anos.

Os clientes das travestis são geralmente homens que se apresentam como heterossexuais na vida normal. Muitos, se não a maioria, são casados.

No Brasil, ao contrário do que muitos pensam, na maioria dos casos, a travesti faz o papel ativo na relação sexual.



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REFERÊNCIA 04:



JIMENEZ, Luciene; ADORNO, Rubens C. F. O sexo sem lei, o poder sem rei: sexualidade, gênero e identidade no cotidiano travesti. Cad. Pagu [online]. 2009, n.33, pp. 343-367. ISSN 0104-8333.

Entre dez a vinte e cinco travestis, vários adolescentes, conviviam cotidianamente, relatando histórias de vida em que a entrada na prostituição era apenas parte de um universo permeado pelo sentimento de exclusão dos espaços socialmente reconhecidos e valorizados. (p., 346).

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REFERÊNCIA 05:



http://www.direitoshumanos.etc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2237:ensino-profissional-pode-chegar-a-travestis&catid=41:lgbtt&Itemid=17(...)

A maioria dos travestis não consegue emprego formal por preconceitos por conta de sua apresentação física e vai para a prostituição”, diz Eduardo Santarelo, coordenador do programa Brasil Sem Homofobia, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. “A gente não quer que essa seja a única opção”, completa. Ele afirma que muitos travestis e transexuais sequer completaram o ciclo escolar básico, já que muitos se sentem estimulados a fugir da escola e ir para as ruas por conta do preconceito.

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REFERÊNCIA 06:



PELUCIO, Larissa. Três casamentos e algumas reflexões: notas sobre conjugalidade envolvendo travestis que se prostituem. Rev. Estud. Fem. [online]. 2006, vol.14, n.2, pp. 522-534. ISSN 0104-026X.

(…)

travestis costumam ter uma trajetória de vida que as distancia dos padrões de comportamento considerados adequados para certas faixas etárias, mesmo entre camadas populares. Saem cedo de casa, em torno dos 14 anos. Geralmente, iniciam aí uma vida noturna sustentando-se pela prostituição. (p. 527).

(…)



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Referência 07:



GARCIA, Marcos Roberto Vieira. Prostituição e atividades ilícitas entre travestis de baixa renda. Cad. psicol. soc. trab. [online]. 2008, vol.11, n.2, pp. 241-256. ISSN 1516-3717.

Entre as travestis estudadas, a prostituição aparecia, assim, não somente como motivada pela necessidade econômica, mas também como um espaço de afirmação da feminilidade, observação concordante com as realizadas por Kulick (1998) e Benedetti (2000), que vêem a prostituição como um campo de experiências prazerosas para as travestis, certamente mais do que entre a maior parte das prostitutas mulheres:



R. [uma das pouquíssimas travestis do Grupo que não se prostituíam regularmente e que tinha um pequeno salão de cabeleireira, adquirido após um período vivendo na Europa] disse que tinha um “vício” em ir para a Avenida, mesmo não precisando mais do dinheiro. Contou que adorava ver os carros pararem, buzinarem para ela, que achava aquilo “o máximo”.



Isso explica também seu desprezo voltado aos clientes que buscavam por relações sexuais passivas nos “programas”, uma vez que, embora isso garantisse a satisfação das necessidades financeiras, não realizava aquelas de serem desejadas como “mulheres”. O “programa”, contudo, quando realizado com um cliente que buscava por sexo “ativo” e que as pagava satisfatoriamente, era visto como algo agradável. De forma semelhante, a falta de clientes era motivo de queixa da parte delas, não somente pelos problemas financeiros que gerava, como também por não proporcionar seu reconhecimento como “mulheres” desejáveis. Nesse sentido, a prostituição passa a ser um dos únicos contextos onde a travesti desenvolve a auto-estima, podendo ser elogiada, reconhecida, “cantada” e, ao mesmo tempo, ganhar dinheiro, como mostra Kulick (1998). Tal consideração, contudo, deve ser relativizada em função da “decadência” no mercado sexual, fonte de sofrimento intenso para as travestis investigadas, especialmente quando não conseguiam ganhar o suficiente para manter seu modo de vida. (p. 243).

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Referência 08:



FERREIRA, Rubens da Silva. A informação social no corpo travesti (Belém, Pará): uma análise sob a perspectiva de Erving Goffman. Ci. Inf. [online]. 2009, vol.38, n.2, pp. 35-45. ISSN 0100-1965.

Mas todo o investimento no corpo não se dá sem consequências. Participando de uma sociedade patriarcal em que os valores e os papéis sociosexuais estão historicamente bem definidos para homens e para mulheres, o corpo andrógino das travestis passa a constituir fonte de preconceito, com efeito direto sobre a cidadania desse segmento (FERREIRA, 2003a). Desse modo, a inserção no mercado de trabalho se dá de maneira precária, uma vez que lhes são relegadas colocações estereotipadas, sendo as mais frequentes nos ramos da estética, da gastronomia e do entretenimento. Para aquelas provenientes de famílias mais pobres, a prostituição se coloca como uma das poucas alternativas de geração de renda, se não a mais recorrente. (p. 38).





VÍDEOS



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