domingo, 9 de maio de 2010

Aula 3: Escola e Sexualidade- Diário de Bordo



Na última aula estavamos curiosas com tudo o que estava sendo explanado pelo professor:

"...Antes do século XIX, não há homossexuais..." Isso não quer dizer que eles não existiam e sim que o temo homossexual ainda não havia sido criado. 
Os homens e mulheres que eram homossexuais e lésbicas, eram conhecidos como: Invertidos, Uranistas, Sodomitas. E suas práticas sexuais eram chamadas de práticas homoeróticas.
" A palavra homossexual foi criada para legitimar a relação entre dois homens e duas mulheres"
"Ser homossexual é diferente de ser gay"
"Homossexual se refere a um componente genital(corpo/sexo)"
"Existem várias formas de ser homem e várias formas de ser mulher"
"Pode existir uma mulher gay, um homem lésbico etc..."


"A pessoa é que vai decidir o que é, ninguém tem o direito de apontar o dedo e dizer fulano é isso ou fulano é aquilo."   
Quanta novidade! E enquanto ficavamos com mais dúvidas do que respostas na cabeça, veio alguém e entregou uma folhinha com as atividades da aula.

Em uma das questões pediam relatos a cerca de situações sexistas e homofóbicas vivenciadas em nosso cotidiano. 
Comecei a pensar em um tempo não muito longe daqui, anos 80, esfervecência da adolescência, ícones da música se assumiam gays, bi... Aliás eram apenas essas duas nomenclaturas que existiam, pelo menos que eu conhecia.
Uma amiga se apaixona por outra mulher e deu a cara a tapa, se assumiu, saiu do armário foi um rebu, na sua casa, na escola onde estudava. O preconceito rolava solto naquela época, até ovo podre ela recebeu na porta da escola. Só por amar diferente. Incrível não?  
Na escola não souberam lidar com o problema e trasferiram ela para o turno da noite no ano seguinte, não sei o que eles pensaram na época, talvez acharam que mudando ela de turno, ela deixaria de gostar de mulher, vai saber.
Hoje ela continua gostando de mulher, tem seu trabalho, mas resolveu ser mais discreta.
Porque?
Ela me diz que é por causa do preconceito.
Concordo com ela que o preconceito continua, só não sei dizer se diminuiu ou aumentou. Antigamente o preconceito era aberto, cara a cara mesmo.
Hoje existe um preconceito velado, que ataca através de olhares maliciosos, piadinhas, risos difarçados... 
Na escola o preconceito não é tão velado assim e podemos perceber que os garotos e garotas que tem um "jeito diferente" (se assim posso dizer), são alvo das mais perversas brincadeiras.
Os professores sem saberem como lidar com isso, ficam impassíveis, muitas vezes também por preconceito.
Na outra pergunta veio a seguinte questão:
O que acontece na sua realidade que motiva você a fazer o curso?

Toda essa gama de preconceito, que muitas vezes desestimula o aluno a continuar na escola, por não aguentar ser rechaçado todos os dias pelos seus colegas. E o futuro desse aluno como fica?
Teve um caso de que ameaçaram um aluno de morte, apenas por ele amar diferente.
Gente, a escola é lugar de socialização e toda socialização pressupões em lidar com o diferente  e  em respeita-lo.
Não somos todos iguais, e que bom que é assim senão seríamos robozinhos, fazendo tudo igual. Você gostaria de fazer parte de um mundo assim?   

Gostariamos muito do apoio das entidades LGBT, para que pudessemos levar também às escolas do Estado e não somente da prefeitura essa luta que é de todos nós educadores. A luta contra o preconceito de um ser humano com outro ser humano.
A luta contra a homofobia, a lesbofobia, a transfobia etc...

Márcia Helena