sexta-feira, 16 de abril de 2010

REFLEXÕES PRIMEIRA AULA - 13 de abril de 2010


Na nossa primeira aula, nos reunimos em grupos e cada grupo pensou sobre a homofobia e apresentou suas reflexões para a turma.


Muitos professores apontaram situações cotidianas para exemplificar o preconceito de gênero e a falta de uma visão da sexualidade como algo diverso, que permite várias formas de relacionamentos afetivos.

Por exemplo, um colega, professor de Educação Física, relatou que quando as meninas querem jogar futebol, os colegas não aceitam porque futebol é "coisa de menino" e que mulher que joga como menino significa que ela se identifica com os garotos e que, por isso, é lésbica. Tal comparação dentro deste contexto coloca o lesbianismo como algo negativo, que é ruim, além de ser um preconceito de gênero também (coisas para meninos e coisas para meninas).

Outra situação comum nas escolas é chamar um colega que não consegue fazer alguma coisa direito, que chora, que fica nervoso, de "bicha", ou seja, de homossexual. Este é outro exemplo de xingamento com referência à homossexualidade, o que exemplifica o preconceito contra as relações homoafetivas.

Foi apontada também a violência por homossexuais como o "estupro corretivo" no qual lésbicas são estupradas e agredidas por homens homofóbicos para que deixem de sentir atração por outras mulheres.

O assassinato de pessoas homossexuais foi também tema da discussão, onde ficou claro que muitas mortes que tem como causa a homofobia não são registradas como tal, mas apenas como homicídio. As causas disso são variadas, desde a omissão da informação a pedido da família até a falta mesmo de uma legislação que determine a necessidade de deixar claro quando um crime é resultado de homofobia.


Foi levantado o fato de que os estudantes homossexuais são rotulados pelos colegas e que são vítimas de preconceito na escola, inclusive de bullying.

Problemas tais como homofobia na escola foram relatados como comuns pelos educadores presentes e, inclusive, foram feitos relatos de homicídio por homofobia nas imediações de uma escola.


Os educadores e educadoras se mostraram também muito preocupados em aprender a lidar com a homofobia na escola e em aprender a lidar e ensinar com a diversidade sexual dentro do espaço escolar.

Fomos informados também sobre os debates ocorridos em eventos e sobre a legislação que fala de assuntos relacionados ao Movimento LGBT:



1. Os Princípios de Yogyakarta, que trata da Aplicação da Legislação Internacional de Direitos Humanos em relação à Orientação Sexual e Identidade de Gênero.



2. O Programa Brasil Sem Homofobia foi lançado em 2004 a partir de uma série de discussões entre o Governo Federal e a sociedade civil organizada com o intuito de promover a cidadania e os direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) a partir da equiparação de direitos e do combate à violência e à discriminação homofóbicas.

3. O Plano Nacional de Políticas para Mulheres


4. Conferência Nacional da Educação Básica (2008)


5. Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (2009).


6. PNDH-3 - Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (2010)



7. Conferência Nacional da Educação (aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE 2011 -2020), Diretrizes e Estratégias de Ação.


Nas discussões, aprendemos também os termos certos e as discussões foram sempre atravessadas por outros discursos como o discurso da psicologia, da medicina, sociologia, pedagogia, etc. Uma interface entre saberes muito interessante, que ilustra como é necessário ter uma leitura crítica do que a ciência de forma geral fala sobre as relações homoafetivas.


Conversamos também sobre casamento e adoção de crianças por casais homossexuais, além de falar do preconceito dos pais sobre a orientação sexual das crianças, desde a Educação Infantil.


E você, o que acha destes temas? Coloque seu comentário aqui para que a gente possa conversar sobre o assunto.

5 comentários:

  1. Oi Gente,
    Encontrei um cara na rua hoje, ele estava vendendo chaveiro de coelhinho com Plumas, quando foi oferecer o chaveiro para que eu comprasse disse que ele mesmo fez, mas que ele não era gay não.
    Fiquei indignada com o que ele falou e disse: Qual o problema de ser gay?
    Ao que ele me respondeu: "Problema nenhum, mas é que sou gaúcho e lá minha terra homem que vende essas coisas assim, não é bem visto."
    Vejam bem,o preconceito se manifesta não apenas em atos, mas também em pensamentos e palavras. Como ele existem muitas pessoas que pensam dessa forma.
    Precisamos mesmo conscientizar as pessoas para que isso não ocorra no futuro.
    E isso pode e deve começar nas escolas vocês não acham?
    Um abraço a todos e todas!
    Márcia Helena

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  2. Oi Márcia:

    Pois é.

    Na última quinta-feira, três colegas apresentaram um trabalho excelente em sala sobre gênero e sexualidade. Foi muito interessante porque mostra justamente como que os adultos vão incutindo na cabeça das crianças o que é de menino e o que é de menina: cor-de-rosa para menina e azul para menino; delicado para menina e agressivo para menino; meninas primeiro, meninos depois; coitadinha, ela é menina!, homem não chora!

    E quando se fala assim, se uma menina faz "coisa de menino", ela está fazendo uma coisa errada, diferente do que está sendo ensinado.

    Por isso, a educação precisa avançar os seus conceitos, assim como as ciências da saúde precisam abandonar o estigma de adoecimento ou de qualquer tipo de classificação de doença para a homoafetividade porque não é por aí mesmo. Esse discurso do certo e do errado está sendo construído e precisa ser refeito, retomado criticamente.

    Tomara que mais pessoas compartilhem conosco dessa conversa senão vamos ficar nós duas aqui... hahahaha

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  3. Muito interessante vocês criarem um espaço para a discussão da temática da sexualidade, sobretudo na escola.
    Também estudo Pedagogia na Uemg - IV núcleo formativo - e sinto falta de atividades na Universidade que tratem deste assunto. Acredito que a falta de atividades neste contexto revela o incômodo que este tema gera em alguns ou vários. Sobretudo em instituições tradicionais em que a historicidade heteronormativa ainda persiste.
    Por acreditar que na sociedade contemporânea os preconceitos e paradigmas devem ser quebrados também faço parte do grupo "Educação sem Homofia" da UFMG.
    Estou muito satisfeita com o planejamento das atividades e penso que será de grande influência em minhas práticas pedagógicas, além de ser um avanço em futuras pesquisas que desejo realizar nesta área.
    Parabéns, meninas, pela criação do blog! Estarei sempre por aqui tbm!

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  4. Obrigado pela sua participação Patricia, venha sempre compartilhar suas experiências conosco.
    Um grande abraço!
    Márcia

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  5. Oi Patrícia:

    Obrigada pela sua participação e também pelos elogios ao blog.

    Como disse a Marcinha, venha sempre nos visitar e deixar seus comentários para a gente.

    Estamos também em busca de dúvidas, perguntas que possam servir de iniciativa para a gente começar a pesquisar e aprender. Então, se alguém perguntar alguma coisa e você achar interessante indicar o blog, agradecemos.

    Bjos, Alessandra.

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